segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Como aprender a confiar num ônibus


13h40.

O ponto de ônibus em frente a Prefeitura de Londrina nunca tinha sido um lugar tão incômodo de se estar. A vontade de pegar um ônibus era grande, já que o tempo e a ferramenta imposta recentemente pelo Detran nas auto escolas não era uma combinação boa para alegrar um pouco meu dia. Em vinte minutos minha digital deveria ser passada em um desses aparelhinhos, cujo argumento usado para forçar os alunos a serem pontuais nas aulas teóricas definitivamente não serviria para aumentar meu ânimo naquele momento.

Foi ânimo que senti quando a linha 206, que passa pelo local onde eu deveria descer, estacionou no ponto. Subi já meio desanimado por saber que aquela linha faria uma volta grande até chegar a rua Professor João Cândido, mas entrei confiante. E também ansiedade foi o que senti quando o relógio do ônibus já marcava 13h44. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição. Gostaria de ter conhecido o autor dessa frase para lhe dizer: "Rapaz, você não tem idéia de como seu pensamento tem influência na vida das pessoas, principalmente a minha"!

Aprendi que, em momentos de desespero, devemos nos distrair com outra coisa. Seja olhar para os buracos da cidade e fazer nossa análise diária sobre a atual administração municipal, viajar na maionese ou pensar quanto foi o resultado do Timão, uma equipe acostumada a dar glórias em forma de vitórias aos seus torcedores, todos e muitos outros mecanismos de distração simplesmente não funcionaram para mim. Enquanto isso, 0 206 fazia calmamente sua travessia rumo ao Terminal Urbano Central.

13h50.

Eu, meu desânimo, minha impaciência e a certeza de que não chegaria a tempo na auto escola estávamos no semáforo do cruzamento da avenida Bandeirantes com a rua Souza Naves. As esperanças já tinham sido perdidas, por mais dramático que isso possa parecer, já tinham ido por água abaixo.

De repente (já reparou quando queremos dar um suspense no texto sempre usamos essa expressão separada do resto das palavras?), algo de estranho aconteceu.

Não estou falando da decisão do Barbosa em não mudar nem mais um secretário municipal até o final do seu mandato ou do jeito gentil e cordial que a Camilla Balsani chegou hoje para trabalhar no Núcleo de Comunicação. Muitos menos também da decisão do Luizão rapar totalmente a careca. E nem a do Carlos parar de comer aqueles pães com alho e cebola para perfumar o ambiente do N.com.

Sei que tudo isso é MUITO estranho e difícil de acontecer, mas voltemos a nossa história.

Enquanto eu já falava com Deus de que ia chegar atrasado de qualquer jeito, o 206 acelerou. Sim, a paisagem da avenida Bandeirantes passava tão rápido na mesma velocidade de que meu desânimo e a dúvida de chegar a tempo na auto escola. E eu afirmando somente a partir do momento em que o motorista decidiu botar o pé no acelerador.

Situação cotidiana onde é possível perceber como nossa fé é falha e furada, toda remendada. É necessário ver para crer. Nunca nos parecemos tanto quanto Tomé, aquele mesmo servo que só acreditou que Jesus tinha ressuscitado quando viu as marcas dos pregos em Sua mão. Eu pensei que chegaria a tempo apenas quando ouvi o ronco do motor girar mais rápido pela avenida. Também fui confrontado por Deus que só acredito Nele quando O vejo.

13h58 foi o horário onde conseguir chegar na auto escola.

Dessa vez, aprendi literalmente como Deus pode usar um ônibus para me ensinar a acreditar Nele, mesmo que a velocidade não esteja, digamos assim, muito alta

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